Encontro reuniu alguns estados brasileiros e
países da América Latina para debater caminhos para a alfabetização;
método cubano Yo Si Puedo foi apresentado no encontro
A Reunião Técnica Internacional sobre Alfabetização de Jovens,
Adultos e Idosos aconteceu 4 e 5 de junho com representantes de
ministérios de educação de México, Cuba, El Salvador e Paraguai para
discutir métodos de alfabetização. É possível ver a programação e as apresentações dos países aqui.
No Brasil, o Programa Brasil Alfabetizado (PBA) já completa dez anos.
O programa, de duração de 6 a 8 meses, tem mostrado dificuldades em
caminhar em direção à superação do analfabetismo no país, além de
conseguir garantir apenas que uma pequena parte dos alfabetizandos
continuem seus estudos em uma escola de jovens e adultos (EJA) das redes
municipais e estaduais de ensino. Essa é uma das mais graves
fragilidades do programa segundo pesquisadores, pois a não continuação
dos estudos pode comprometer o pouco aprendido (leia mais aqui).
Atualmente, 13,9 milhões de pessoas com 15 anos ou mais são
consideradas analfabetas no país, ou 9,6% da população, de acordo com o
Censo 2010. A desigualdade regional é alta: no Semiárido, a taxa sobe
para 24% da população.
Além disso, quase 62 milhões de pessoas com mais de 15 anos que
não frequentam a escola e não têm o Ensino Fundamental completo. O
número de matrículas na modalidade EJA é de cerca de 3,5 milhões
(Educacenso, 2011).
A reunião técnica aconteceu para subsidiar a Comissão Nacional de
Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos (CNAEJA), a Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), e o
Ministério da Educação (MEC), servindo como uma etapa do debate sobre
essa questão.
A participação dos diferentes países serviria para
compartilhar experiências e avaliar como outros países da América
Latina se propõem a resolver seus problemas de analfabetismo adulto, o
que poderia embasar ou servir de contraponto a propostas brasileiras.
Na
reunião, vários expositores salientaram que o Brasil possui uma longa
tradição em alfabetização, sendo uma importante referência no que se
refere a métodos de ensino. Uma de suas mais importantes referências é o
método freiriano, adotado em vários países. Versões de programas de
alfabetização mais rápidas como o cubano Yo, Si Puedo chegaram a ser
implantadas de forma experimental em algumas cidades do Piauí e Paraíba
(João Pessoa).
O primeiro dia do encontro contou com a
apresentação dos casos de México, Paraguai, Cuba e El Salvador. No
Brasil, os entes que executam o programa de alfabetização são em sua
maioria municípios, mas alguns estados que implantam a política de
alfabetização estiveram presentes também: Pará, Minas Gerais, Bahia e
Paraíba.
Nos dois dias de reunião foi formada uma lista de
pontos centrais, destacando-se a problemática de como articular o
programa de alfabetização à política de EJA. A opinião de um dos
participantes é de que a discussão sobre a metodologia, que seria
importante, não teve grande destaque, e a postura dos governos presentes
é de que os baixos resultados do programa seriam um problema de gestão.
Segundo apurou o Observatório, não houve tempo
de elaborar um documento ou resolução final da reunião, e nem o governo
brasileiro fechou alguma parceria ou colaboração com algum outro país. A
reunião aconteceu para subsidiar os próximos passos do governo no seu
próprio programa, o Brasil Alfabetizado.
Fragilidades do PBA
O
Programa Brasil Alfabetizado tem entre suas maiores fragilidades a
falta de financiamento, a formação de educadores, além da insuficiente
articulação com uma política de EJA. Todos esses fatores juntos fazem
com que o PBA tenha resultados aquém dos esperados – a taxa de
analfabetismo passou de 13,63% para 9,6% em 10 anos.
O governo,
segundo os presentes consultados, não revelou uma postura de defender
algum dos métodos de outros países. Demonstrou, porém, a intenção de
fortalecer o processo de inclusão do PBA na EJA, como mostra a
apresentação que fez a Secadi no evento (disponível aqui). O Observatório solicitou entrevista sobre o tema à Secadi, mas não foi atendido até o fechamento desta edição (6/6).
Quanto
a algum “resultado” político da reunião, os entrevistados esperam
alguma mudança ou vontade dos órgãos responsáveis, pois o momento atual é
de críticas ao programa e de avaliação. Uma das primeiras medidas seria
aumentar os investimentos. O secretário executivo do MEC, Jose
Henrique Paim Fernandes, afirmou em sua palestra no primeiro dia de
reunião que não faltarão recursos para a reorientação do programa e
esforço de análise.
Sim, eu posso
No Brasil existem algumas experiências piloto do método cubano Yo, Si Puedo (traduzido como Sim, eu posso). Fontes do Observatório
não notaram uma tendência dos entes governamentais de expandir o
programa para outros locais, e nem substituir o PBA por um desses
métodos. Foi indicado por vários participantes da reunião que a
metodologia não é adequada para o Brasil.
Fonte: http://www.observatoriodaeducacao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1163:brasil-quer-rever-programa-de-alfabetizacao-de-adultos&catid=64:eja-e-educacao-nas-prisoes&Itemid=102
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